1ª LEITURA – Is 2,1-5
“Este oráculo é um acréscimo posterior e relembra os temas do Terceiro Isaías (Is 56-66): no futuro os povos pagãos se dirigirão a Jerusalém para participar da Aliança, e, então, haverá paz definitiva”. O v. 1 mostra claramente que se trata de uma visão para o futuro, não um futuro que se deve esperar, mas sim um futuro que deve ser antecipado no presente a partir de uma tomada de consciência dos empobrecidos, que mantém acesas suas esperanças de dias melhores e sua coragem de lutar. O monte do Templo de Javé é a cidade de Jerusalém, que está construída sobre o monte de Sião. Ali está o Templo. O que significa que o monte do Templo de Javé estará firmemente plantado no mais alto dos montes? O monte era o lugar onde o povo se encontrava com Deus. Isaías quer dizer que um dia o mundo todo vai prestar culto ao único Deus verdadeiro. Do Templo Deus mostrará seus caminhos a todos os povos. “De Sião sairá a Lei e de Jerusalém a Palavra de Javé”. Nesse templo “Deus julgará as nações e será o árbitro de povos numerosos”. Então, haverá paz total e um relacionamento novo entre os povos. As armas serão transformadas e não haverá mais treinamento para a guerra. Os instrumentos de destruição, espadas e lanças, serão transformados em instrumentos de produção de vida, enxadas e foices. Quem vai puxar a fila será a casa de Jacó, ou seja, o povo de Deus: “Venha casa de Jacó; vamos caminhar à luz de Javé”.
2ª LEITURA – Rm 13,11-14a
É interessante observar as imagens usadas por Paulo. Todas elas se referem aos compromissos batismais lembrados aos primeiros cristãos, que assumiram a vida nova com Cristo. A expressão “vocês conhecem o tempo” (não “kronos” = duração, mas ”Kairós em grego = tempo qualitativo) é uma referência ao tempo da atuação da graça de Deus e da salvação. Nesse tempo o comportamento deve ser novo, ou seja, fundamentado no amor (vv. 8-10). Aqui, aparece a imagem do despertar do sono, pois a salvação já está mais perto de nós agora de que quando começamos a acreditar. Depois, aparecem as imagens da noite e do dia. A noite vai avançando e o dia está próximo. A noite corresponde às obras das trevas, ou seja, uma vida desonesta com orgias, bebedeiras, prostituição e libertinagem, brigas e ciúmes. O dia corresponde às armas da luz. Armas são a imagem da veste do soldado romano, suas armaduras de guerra. Vestir as armas da luz é fugir dos vícios que a noite propicia, é como afirma o v. 14, vestir-se do Senhor Jesus e não seguir os desejos dos instintos egoístas relembrados no v. 13. “Liberto do egoísmo que corrompe a pessoa e a sociedade, o cristão vive a madrugada de um tempo novo”. Através do batismo, através do compromisso sério com Cristo, o cristão percebe que a longa noite da injustiça e do pecado já vai dando lugar a uma madrugada de tempos novos. Foram os vv. 13 a 14 que ocasionaram a conversão de Santo Agostinho.
EVANGELHO – Mt 24,37-44
Mt 24 e 25 formam o discurso escatológico, onde aparecem dois temas importantes. O primeiro diz respeito ao fim do Templo e à destruição de Jerusalém, que marca o início de uma nova época surgida da prática de Jesus e seus seguidores. O segundo é o desconhecimento em relação à vinda do Filho do Homem e a consequente vigilância ativa. É sobre este segundo tema que trata o Evangelho de hoje. Ninguém sabe quando será o fim (v. 36). Mas é bom lembrar que a segunda vinda de Cristo e o fim do mundo serão um acontecimento só. Jesus compara sua vinda ou o fim do mundo como no tempo de Noé. Ninguém percebia nada. Foi só Noé entrar na arca e veio o dilúvio e arrasou a todos; do mesmo modo ninguém vai perceber, quando Jesus voltar. Será de uma hora para a outra. O importante é vigiar. Os vv. 40-41 falam que “dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado, e o outro será deixado. O mesmo acontecerá com duas mulheres, que estão moendo no moinho. Qual será o critério para esta seleção? É sem dúvida o critério do compromisso com Jesus Cristo. Há quem trabalhe construindo o futuro através da vigilância ativa. Estes estão preparados. Sua casa não será arrombada, pois vive vigiando. Há, entretanto, quem viva como se o futuro não existisse. Não leva a vida com seriedade. Não anda vigilante, nem preparado. Quando vier o ladrão, ele não poderá evitar o roubo. Vigiar é comprometer-se com Jesus. Em Mt 26,28.40.41, na agonia de Jesus no Jardim das Oliveiras, ele pede aos discípulos: “Fiquem aqui e vigiem comigo” (v.38). Vigiar é, portanto, ser solidário com Jesus, partilhar a vida com os mais pobres, ser solidário com o irmão na alegria e na tristeza.
Dom Emanuel Messias de Oliveira
Bispo Diocesano – Diocese de Caratinga
Fonte integral: Diocese de Caratinga