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Rádio Eclesia

30/12 Comentários Homiléticos SAGRADA FAMÍLIA – Jesus, Maria e José
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1ª  LEITURA – Eclo 3,3-7.14-17a

Muitos judeus não moravam na Palestina e estavam perdendo suas tradições religiosas e culturais e assimilando a cultura e o modo de pensar de um povo estrangeiro. Este livro pretende ajudar estes judeus da diáspora a recuperar suas raízes e sua identidade, sua cultura e sua religião. O trecho que estamos lendo é um comentário do quarto mandamento: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que Deus, teu Deus te dá (Ex 20,12). Este mandamento traz uma promessa: a de ter uma vida longa. O texto acrescenta mais duas promessas: o atendimento às orações (v. 5) e o perdão dos pecados (vv. 3 e 14). É bom lembrar que o judeu alcançava o perdão dos seus pecados com um sacrifício oferecido no templo de Jerusalém. Agora, o autor sagrado apresenta uma novidade, mostrando o perdão não através do habitual rito exterior do sacrifício do Templo, mas através de uma atitude interior de profundo amor, respeito e dedicação aos pais. É uma grande novidade evangélica para um povo que morava em outro país, longe do Templo. Podemos lembrar ainda outras exortações do texto. Honrar pai e mãe é ajuntar tesouros e garantir a alegria dos filhos. Para quem tem pais idosos uns conselhos especiais: amparar, não lhes causar desgostos, ser compreensivo, não humilhá-los. Deus não esquece o carinho e a atenção que dedicamos aos nossos pais.

 

2a  LEITURA – Cl 3,12-21

O fundamento de tudo o que nós vamos ler neste texto está no nosso batismo (cap. 2). O batismo é morte e ressurreição com Cristo. Morte para tudo que conduz à morte, ressurreição para tudo o que conduz à vida (3,1ss). Pelo batismo nos tornamos o “povo santo de Deus, escolhido e amado. Por isso…” Aqui o autor expõe toda a sua exortação. O 1o ponto forte é a misericórdia acompanhada daquilo lhe caracteriza: bondade, humildade, mansidão, paciência e perdão. O modelo da misericórdia e do perdão a imitar é o próprio Cristo. Como destaque poderíamos colocar para 2o ponto o amor, porque o amor provoca a união perfeita, o amor cobre uma multidão de pecados (1Pd 4,8). O amor é plenitude da Lei. Um 3o ponto é a paz de Cristo que deve ser a rainha do coração do cristão. Os cristãos são membros de um só corpo. Os membros do corpo não podem viver em desavença. O 4o ponto é a gratidão que se manifesta, sobretudo, na celebração eucarística, onde se partilha a Palavra de Cristo, onde há instrução mútua, onde há hinos salmos e cânticos espirituais. Tudo o que o cristão faz deve ser em nome do Senhor Jesus e como gratidão ao Pai.

O Relacionamento na família

Há uma exortação especial para cada membro da família cristã. Para as esposas a docilidade. Para os esposos o amor-doação e a delicadeza (“não sejam grosseiros”). Para os pais: nunca devem ser motivo de desânimo para os filhos, mas de estímulo e coragem, para que eles possam viver profundamente seu batismo.

 

EVANGELHO – Lc 2, 22-40

Lembramos mais uma vez que os capítulos 1 e  2 de Lucas ( como também Mt 1-2) são mais teológicos do que históricos. Os personagens principais do texto de hoje são Jesus, Maria, Simeão e Ana. O que o texto diz? Diz que Jesus é levado ao Templo de Jerusalém para cumprir a Lei. Lá, a Sagrada Família se encontra com dois personagens: Simeão e Ana, que agradecem, louvam a Deus e profetizam sobre Jesus e Maria.

Depois de cumprir a Lei, a Sagrada Família volta para Nazaré da Galiléia, onde Jesus vai viver.

Quais são as mensagens? Vamos lembrar algumas:

  • José e Maria procuram cumprir a Lei (Ex 13,2.12). Eles vão ao Templo para a purificação da mãe e para o resgate e consagração do filho, para que Jesus pudesse realmente assumir a realidade do seu povo. Ele é o consagrado de Deus que irá resgatar Israel e toda a humanidade.
  • José e Maria são pobres e oferecem o sacrifício dos pobres: um par de rolas ou dois pombinhos. Filho de pais pobres, Jesus, vai viver na simplicidade e pobreza e vai dedicar sua vida aos pobres e marginalizados deste mundo.
  • Simeão e Ana representam a humanidade pobre e esperançosa da consolação e da libertação. Jesus vem realizar a esperança de toda a humanidade empobrecida, representada nesses dois velhinhos justos e piedosos, abertos às maravilhas de Deus, cheios de dedicação e esperança.
  • São Lucas é o evangelista do Espírito Santo. Cheios do Espírito Santo estão Zacarias, Isabel, João Batista, Maria, Simeão, Ana e especialmente Jesus.
  • Simeão, no seu canto, mostra a missão de Jesus. Ele é o Messias do Senhor, o Servo de Deus das profecias de Isaías (42,1; 49,3.5.6.10; 52,13) É a “salvação que Deus preparou para todos os povos”. Ele é a luz para iluminar as nações e a glória do povo de Israel (cf. Cantos do Servo de Deus em Is 42,6; 52,10). Jesus vai ser também causa de queda e soerguimento para muitos. Vai ser alvo de contradição. Ele, na verdade, vai desmascarar a vida errada de muita gente. Muitos vão amá-lo, mas também muitos vão detestá-lo por causa da sua justiça e verdade.
  • Simeão anuncia também para Maria uma espada de dor. É que ela vai partilhar também a dor do Filho, como primeira e fiel discípula. Aquela espada que feriu o lado de Jesus na cruz, atingiu dolorosamente o coração sagrado de Maria, sua mãe, a Virgem dolorosa.
  • A profetiza e consagrada velhinha, Ana, chega, neste momento, e começa a louvar a Deus e a falar de Jesus aos pobres que conservavam sua esperança de liberdade.
  • A Sagrada Família de Nazaré retorna para a Galiléia, terra dos marginalizados. Ali, Jesus vai crescendo, tomando consciência da exploração dos grandes sobre os pequenos. Ele se prepara para a sua missão com a fortaleza, sabedoria e a graça vindas do alto.

 

Dom Emanuel Messias de Oliveira

             Administrador Apostólico – Diocese de Caratinga