O texto belíssimo do profeta começa fazendo referência aos territórios de Zabulão e Neftali como um povo que andava nas trevas, porque tinha sido invadido pela Assíria. Seu anúncio é de esperança, de libertação, carregado de alegrias messiânicas. A libertação se dá em três momentos:
2ª LEITURA – Tt 2,11-14
A finalidade da carta de Tito “é recordar aos cristãos que a salvação foi trazida por Cristo”. Pretende também traçar as grandes linhas de comportamento para a vida particular e social e ainda prover a organização das Igrejas. O centro da carta é a sã doutrina, isto é, a vontade salvadora de Deus e a salvação gratuita trazida por Cristo. Isso muda o modo de compreender a vida. “Tudo agora está voltado para o esplendor da glória de Jesus, por ocasião da sua segunda vinda”. O v. 14 testemunha a fé dos primeiros cristãos na divindade de Jesus. Aqui temos as seguintes consequências da afirmação central da morte de Jesus na cruz.
As duas primeiras afirmações são ações já feitas por Jesus Cristo em nosso favor, mas a terceira depende de nós que, como discípulos missionários, devemos dedicar-nos à prática da justiça e à prática do bem.
EVANGELHO – Lc 2,1-14
Os capítulos 1 e 2 de Lucas (como também os capítulos 1 e 2 de Mateus) são uma releitura dos acontecimentos da infância de Jesus à luz de sua morte e ressurreição. Não se trata, portanto, de uma narração histórica, mas de uma leitura teológica da história da salvação. É preciso descobrir no relato o que o evangelista, de fato, quer transmitir.
O recenseamento vem de um decreto do imperador Augusto e é realizado no tempo de Quirino, governador da Síria. Todo mundo tinha que se registrar em sua cidade natal. Qual era a finalidade do recenseamento? O controle, o domínio e a exploração dos grandes sobre os pequenos. José e Maria vão se registrar em Belém, cidade do rei- pastor Davi, pois José era descendente de Davi. Maria estava grávida.
O nascimento acontece em Belém, na cidade do rei-pastor. Maria dá à luz Jesus, seu filho primogênito. É bom lembrar que o primeiro filho tem prerrogativas especiais e, por isso, é sempre chamado de “primogênito” mesmo se a mãe não tem outros filhos. Temos do ano 5 a.C. uma inscrição num túmulo judaico: “Arsino é morreu nas dores do parto de seu filho primogênito”. A mãe morreu, mas o filho é chamado com todo direito de primogênito. Dizer que Maria teve outros filhos, pois do contrário não se chamaria Jesus de primogênito, é desconhecer o costume da época. Jesus nasceu pobre, numa pequena cidade da periferia, e na periferia da cidade, e além disso foi colocado num coxo de animais, pois não havia lugar para a família de Nazaré dentro da casa de seus parentes em Belém. Muito esquisito! Mas tudo isso está indicando que Jesus nasceu na pobreza extrema para se identificar e salvar os mais marginalizados. Além disso, a rejeição dos homens já está retroprojetada no seu nascimento. Lucas, certamente, quer fazer alusão ao abandono total com que Jesus sozinho enfrentou a morte para a salvação de todos. Compare, por exemplo, 2,7a: “Ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura” e 23,53: (José de Arimatéia) “desceu o corpo da cruz, enrolou-o num lençol e colocou-o num túmulo escavado na rocha, onde ninguém ainda tinha sido sepultado”. Aqui é preciso observar que os caminhos de Deus são diferentes dos caminhos dos homens. Deus quer salvar os homens não a partir dos grandes e poderosos, mas a partir dos pequenos e marginalizados. “Não” para Roma, “não” para Jerusalém e “sim” para a pequena Belém. Não para o imperador Augusto, “não” para o governador Quirino e “sim” para a família pobre de Nazaré: Deus exalta os humildes e abate os poderosos.
Os destinatários da salvação
Quem anuncia a Boa Notícia do nascimento do Salvador? Os anjos de Deus. A quem? Aos pobres e marginalizados pastores de Belém. Estes marginalizados são envolvidos com a luz de Deus. A alegria deve se estender a todo o povo. Mas o Messias nasceu para os pastores (v. 1). São eles que devem levar esse evangelho (= Boa Notícia) a todo povo.
Qual o grande sinal de Deus? Um recém-nascido envolto em faixas e deitado numa manjedoura. Jesus nasceu como empobrecido, migrante, marginalizado. São os caminhos de Deus. Os vv. 13-14 mostram a grande alegria de uma multidão de anjos do exército celeste, dando glórias a Deus pelo seu grande desígnio de amor pelos homens e desejando paz na terra.
Fonte integral: Diocese de Caratinga