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Rádio Eclesia

26/12 Comentários Homiléticos Missa de Natal
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O texto belíssimo do profeta começa fazendo referência aos territórios de Zabulão e Neftali como um povo que andava nas trevas, porque tinha sido invadido pela Assíria. Seu anúncio é de esperança, de libertação, carregado de alegrias messiânicas. A libertação se dá em três momentos:

  • 1º momento – Um clarão de luz. O povo envolto nas trevas da opressão vê uma grande luz de libertação, iluminando seu caminho.
  • 2º momento – A paz e a alegria da libertação se aproximam. A alegria é comparada com o momento da colheita e com a partilha dos despojos de guerra. O povo tem a satisfação de ver quebrada a causa da opressão, a vara das flagelações e o bastão do capataz. O texto faz referência à vitória de Gedeão em Madiã (cf. Jz 7,15-25). Também se fará uma grande fogueira para se queimar os símbolos da opressão como a bota do soldado e a capa ensopada de sangue.
  • 3º momento – O nascimento do menino-rei. Quais são as características desse menino? Ele se reveste de um manto real, portanto trata-se de um rei. Seus quatro nomes dizem tudo, são um acúmulo de esperança e otimismo: é chamado de Conselheiro Maravilhoso, “Deus Forte”, Pai para sempre e “Príncipe da Paz”. O domínio do grande rei será grande e seu reino não terá fim. Seu governo será assegurado pelo zelo do Senhor dos exércitos. É claro que um reino com todas essas características só pode realizar-se plenamente em Jesus Cristo.

2ª LEITURA – Tt 2,11-14

A finalidade da carta de Tito “é recordar aos cristãos que a salvação foi trazida por Cristo”. Pretende também traçar as grandes linhas de comportamento para a vida particular e social e ainda prover a organização das Igrejas. O centro da carta é a sã doutrina, isto é, a vontade salvadora de Deus e a salvação gratuita trazida por Cristo. Isso muda o modo de compreender a vida. “Tudo agora está voltado para o esplendor da glória de Jesus, por ocasião da sua segunda vinda”. O v. 14 testemunha a fé dos primeiros cristãos na divindade de Jesus. Aqui temos as seguintes consequências da afirmação central da morte de Jesus na cruz.

  • Ele quis resgatar-nos de toda iniquidade.
  • Ele quis purificar um povo que lhe pertence.
  • Ele quer que sejamos zelosos nas boas obras.

As duas primeiras afirmações são ações já feitas por Jesus Cristo em nosso favor, mas a terceira depende de nós que, como discípulos missionários, devemos dedicar-nos à prática da justiça e à prática do bem.

EVANGELHO – Lc 2,1-14

Os capítulos 1 e 2 de Lucas (como também os capítulos 1 e 2 de Mateus) são uma releitura dos acontecimentos da infância de Jesus à luz de sua morte e ressurreição. Não se trata, portanto, de uma narração histórica, mas de uma leitura teológica da história da salvação. É preciso descobrir no relato o que o evangelista, de fato, quer transmitir.

O recenseamento vem de um decreto do imperador Augusto e é realizado no tempo de Quirino, governador da Síria. Todo mundo tinha que se registrar em sua cidade natal. Qual era a finalidade do recenseamento? O controle, o domínio e a exploração dos grandes sobre os pequenos. José e Maria vão se registrar em Belém, cidade do rei- pastor Davi, pois José era descendente de Davi. Maria estava grávida.

O nascimento acontece em Belém, na cidade do rei-pastor. Maria dá à luz Jesus, seu filho primogênito. É bom lembrar que o primeiro filho tem prerrogativas especiais e, por isso, é sempre chamado de “primogênito” mesmo se a mãe não tem outros filhos. Temos do ano 5 a.C. uma inscrição num túmulo judaico: “Arsino é morreu nas dores do parto de seu filho primogênito”. A mãe morreu, mas o filho é chamado com todo direito de primogênito. Dizer que Maria teve outros filhos, pois do contrário não se chamaria Jesus de primogênito, é desconhecer o costume da época. Jesus nasceu pobre, numa pequena cidade da periferia, e na periferia da cidade, e além disso foi colocado num coxo de animais, pois não havia lugar para a família de Nazaré dentro da casa de seus parentes em Belém. Muito esquisito! Mas tudo isso está indicando que Jesus nasceu na pobreza extrema para se identificar e salvar os mais marginalizados. Além disso, a rejeição dos homens já está retroprojetada no seu nascimento. Lucas, certamente, quer fazer alusão ao abandono total com que Jesus sozinho enfrentou a morte para a salvação de todos. Compare, por exemplo, 2,7a: “Ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura” e 23,53: (José de Arimatéia) “desceu o corpo da cruz, enrolou-o num lençol e colocou-o num túmulo escavado na rocha, onde ninguém ainda tinha sido sepultado”. Aqui é preciso observar que os caminhos de Deus são diferentes dos caminhos dos homens. Deus quer salvar os homens não a partir dos grandes e poderosos, mas a partir dos pequenos e marginalizados. “Não” para Roma, “não” para Jerusalém e “sim” para a pequena Belém. Não para o imperador Augusto, “não” para o governador Quirino e “sim” para a família pobre de Nazaré: Deus exalta os humildes e abate os poderosos.

Os destinatários da salvação

Quem anuncia a Boa Notícia do nascimento do Salvador? Os anjos de Deus. A quem? Aos pobres e marginalizados pastores de Belém. Estes marginalizados são envolvidos com a luz de Deus. A alegria deve se estender a todo o povo. Mas o Messias nasceu para os pastores (v. 1). São eles que devem levar esse evangelho (= Boa Notícia) a todo povo.

Qual o grande sinal de Deus? Um recém-nascido envolto em faixas e deitado numa manjedoura. Jesus nasceu como empobrecido, migrante, marginalizado. São os caminhos de Deus. Os vv. 13-14 mostram a grande alegria de uma multidão de anjos do exército celeste, dando glórias a Deus pelo seu grande desígnio de amor pelos homens e desejando paz na terra.

Fonte integral: Diocese de Caratinga