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Rádio Eclesia

22/03 Comentários Homiléticos DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR
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1ª LEITURA – Is 50,4-7

Estamos lendo o terceiro canto do Servo de Javé. O Senhor Deus é o Mestre, e o servo é o discípulo. Qual é o ensinamento que o Mestre dirige ao discípulo? O texto salienta uma tríplice atitude de Deus: a) “O Senhor Deus me ensinou a falar”… “e me desperta a cada manhã”. b) “O Senhor Deus abriu meu ouvido”. c) “O senhor Deus me presta socorro”. Qual é a atitude do discípulo – o servo de Deus? a) Ele se coloca disponível e aberto como um aluno para aprender de Deus a dar uma palavra de conforto à pessoa abatida. b) Ele não fi ca rebelde nem volta atrás em suas atitudes. Ele não foge nem se esconde diante daqueles que o maltratam. c) Ele não se deixa vencer pelas injúrias, mas conserva o rosto insensível como pedra. E, acima de tudo isso, ele tem absoluta certeza que não vai fi car decepcionado com o seu Mestre e Senhor. Estas atitudes do servo mostram que instruído e protegido por Deus, ele se sente bem preparado para a sua missão. Ele é capaz de suportar tudo para não trair a missão recebida, nem a opção assumida. A essa altura poderíamos nos perguntar: Afi nal quem é esse Servo de Javé? Poderia ser o povo de Israel diante de sua missão universal; ou um anônimo, talvez, para simbolizar os sofredores, os marginalizados e empobrecidos de todos os tempos; poderia ser também, simplemente, uma fi gura messiânica. De qualquer maneira, o Segundo Testamento viu em Jesus a realização plena desse enigmático personagem do Primeiro Testamento chamado o “Servo Sofredor”.

2ª LEITURA – Fl 2,6-11

Este hino – uma das mais belas sínteses do pensamento de Paulo sobre Jesus – mostra dois movimentos – um descendente (vv. 6-8) e outro ascendente (vv. 9-11). O movimento descendente
tem Jesus como sujeito. É a ação radical de Deus Filho que se torna servo obediente. O Filho abandona tudo o que tem direito, todas as prerrogativas de sua condição divina. Esvazia-se, aniquila-se, aceita a condição de escravo, tornando-se igual aos homens. E ainda, como homem, ele se rebaixou totalmente sendo obediente até a morte e morte ignominiosa numa cruz. Nesse movimento descendente percebemos o profundo mergulho do Filho de Deus na miséria humana para ser solidário com os mais miseráveis e desprezíveis. O movimento ascendente tem o Pai como autor. Ele exalta o Filho com sua ressurreição, ascensão e entronização. O Filho ocupa de novo o lugar que já possuía junto ao trono do Pai. O Pai exalta o nome de Jesus acima de qualquer nome. O nome do Senhor é “Senhor”. Todos devem adorá-lo (dobrar os joelhos). E toda a língua deve proclamar para a glória do Pai que o Filho Jesus é o Senhor.

EVANGELHO – Mc 15,1-39

Marcos inicia seu evangelho anunciando a tese que ele quer provar: Jesus é o Cristo-Messias e Filho de Deus. O evangelho se apresenta como um drama. Logo no início, já aparece, por parte de seus adversários, representados por fariseus e herodianos, a intenção de matá-lo (cf. 3,6). No meio do evangelho, Pedro, em nome da comunidade apostólica, professa a fé em Jesus como Messias. Esta é
a primeira tese de Marcos, mas, mais tarde, Pedro renegará Jesus e por causa da traição de Judas Jesus é preso e depois condenado à morte. Diante do sumo sacerdote Jesus afi rma que ele é realmente o Messias (14,62). Diante de Pilatos Jesus endossa o título de “rei dos judeus”. Instruída pelos sumos sacerdotes a multidão troca Jesus pelo criminoso Barrabás, pedindo para soltar Barrabás e crucifi car Jesus. Pilatos para satisfazer à multidão manda fl agelar Jesus e o crucifi car, mesmo sabendo da inocência de Jesus e que os sumos sacerdotes o haviam entregado apenas por inveja. Com um manto vermelho e uma coroa de espinhos, os soldados caçoavam de Jesus como de um rei derrotado, pois o maltratam e desprezam batendo e cuspindo nele. Na verdade, inconscientemente, eles estavam maltratando o verdadeiro rei, que veio justamente para condenar todo tipo de maldade e violência. A caminho do Calvário obrigam Simão Cirineu a carregar a cruz para Jesus. Jesus foi crucifi cado entre dois ladrões. Eles simbolizam todos os marginalizados que Jesus veio abraçar e com quem Jesus veio partilhar o seu trono. Todos os que passavam por ali, juntamente com os sumos sacerdotes e doutores da Lei, zombavam de Jesus e tentavam-no, pela última vez, desafi ando sua messianidade. Às 15h, Jesus morre rezando o Salmo do justo sofredor: “Meu Deus, meu Deus porque me abandonaste”. A cortina do santuário rasgou-se de alto abaixo. É a eliminação da distância entre o sagrado e o profano. No batismo de Jesus também os céus se rasgaram (1,10) mostrando que Deus desceu até nós. A última frase do evangelho de hoje prova a segunda tese de Marcos de que Jesus é o Filho de Deus. Os judeus rejeitaram Jesus, mas os pagãos o reconheceram. Por isso o ofi cial romano, representando os pagãos disse: “Na verdade este homem era mesmo Filho de Deus”.

Dom Emanuel Messias de Oliveira
Bispo emérito da diocese de Caratinga

 

Fonte: Diocese de Caratinga