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Rádio Eclesia

16/04 Comentários Homiléticos 5º DOMINGO DA PÁSCOA
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1ª LEITURA – At 9,26-31

A Igreja – novo povo de Deus – encontra perseguições das mais violentas (At 8,1), mas o Espírito Santo vai trabalhando no coração das pessoas e vai aumentando o número dos ramos que querem permanecer firmes na videira e produzir frutos. Paulo, antes chamado Saulo, de encarniçado perseguidor dos cristãos, se torna um apaixonado missionário. O texto de hoje mostra Paulo convertido se aproximando da comunidade dos discípulos, mas as cicatrizes de suas perseguições ainda assustavam o corpo da comunidade. O grande Barnabé, então, serve de intermediário, apresenta Paulo aos apóstolos e justifica uma nova conduta. Com carta branca Paulo se entrega ao trabalho missionário em Jerusalém. Entretanto os judeus de língua grega procuram matá-lo. Os irmãos (a comunidade), então, tomam providências para libertar Paulo da morte conduzindo-o para Cesaréia e dali para Tarso. Lucas (o autor dos Atos) depois disso, mostra a paz na Igreja, sua consolidação, seu progresso e crescimento, com ajuda do Espírito Santo. Neste trecho percebemos a preocupação de Lucas em mostrar a comunhão de Paulo com a comunidade apostólica. Mas tarde, Paulo vai dizer que a Igreja é uma unidade, um corpo, cuja cabeça é Cristo! O evangelho de hoje fala em permanecer na videira. Percebemos também a importância de um líder capaz de aproximar as pessoas (Barnabé), buscando comunhão e entendimento na comunidade, abrindo espaço para novas lideranças. Enfim, vimos a ajuda do Espírito Santo para a expansão da Igreja.

2ª LEITURA -1Jo 3,18-24

Poderíamos ver este trecho na ótica da pergunta chave do evangelho de hoje: Quem faz parte do novo povo de Deus? Há pessoas e líderes que se dizem cristãos, têm discursos bonitos sobre o amor, mas cujas ações concretas estão distantes do que dizem e distantes da verdade. A verdade é exatamente a manifestação concreta do amor do Pai na pessoa e obra do Filho. Aquele que pertence ao povo de Deus pertence à verdade, traduz, sua fé em Jesus Cristo, em gestos, e lutas em favor dos mais injustiçados, dos mais carentes, das famílias mais abandonadas. Neste texto percebemos que pertencemos ao novo povo de Deus.  Essa pertença não é simplesmente para quem foi batizado, quem fala bonito, quem fala em nome de Jesus Cristo, mas para quem atua na comunidade, para quem guarda o mandamento do amor, ou seja, para quem sabe traduzir sua fé-entrega-confiança em amor-serviço-doação. É permanecendo na comunidade-corpo de Cristo que permanecemos no Deus de Jesus Cristo, nosso Senhor.

O autor nos traz um consolo para nossa consciência e tranquilidade diante de Deus, quando diz: mesmo que o nosso coração(consciência) nos acuse, Deus é maior que o nosso coração e conhece tudo. O que é que Deus conhece em nós e nos traz tranquilidade de consciência? É o nosso amor concreto, não de boca, mas amor em ação e em verdade. Este amor-serviço nos traz consciência e tranquilidade de fazermos parte do povo de Deus, de sermos da verdade, de permanecermos em Deus.

EVANGELHO – Jo 15,1-8

Este texto fala que o Pai é o agricultor, Jesus é a videira e nós fazemos parte da videira, porque somos os ramos. Então, o texto define quem faz parte da família de Jesus, quem faz parte do novo povo de Deus. Todos sabemos que o Antigo Povo de Deus era Israel, o povo judeu. Mas este povo deixou de ser o povo de Deus, porque não produziu os frutos desejados. Se você ler Is 5,1-7 antes de continuar a nossa leitura, você vai entender melhor o que estamos dizendo. Não produzir os frutos desejados significa não acolher a Palavra de Deus, não acolher Jesus, desligar-se dele que é a videira.

Talvez a primeira pergunta forte que o texto quer responder é esta: Quem faz parte hoje do povo de Deus? No hoje do autor estamos diante de 3 povos: Israel, a sociedade pagã e os que estão ligados a uvas azedas (cf. Is 5,1-7). Os pagãos não estão ligados a Jesus, mas ao imperador romano que pretendia ocupar o lugar de Deus. O verdadeiro povo de Deus é a Igreja – os ramos da videira. Esta Igreja, o povo de Deus, no tempo do autor e hoje, tem ramos produtivos e improdutivos.

A segunda pergunta, portanto, é: Como Deus – o agricultor age em relação aos ramos da sua videira? Ele tem duas atitudes apenas: Primeiro, corta os ramos que não dão fruto, joga-os fora e quando estes acabam de secar, ajunta-os um por um e joga-os ao fogo. Segundo, quanto ao ramo que está dando fruto, ele o poda ou limpa para que dê mais frutos ainda. É interessante que o texto está primeiramente no singular: o ramo. Isto significa que o Pai cuida de cada pessoa individualmente, cortando para jogar ao fogo ou podando para produzir mais.

Uma última pergunta do texto poderá ser esta: O que precisamos fazer para dar mais frutos ainda? Primeiro, precisamos ter consciência da realidade do Pai e da realidade do Filho, ou seja, acreditar que nele(Deus) temos a vida e fora dele temos a morte. Segundo, precisamos, portanto, permanecer ligados ao Filho, viver sua Palavra que purifica e limpa, ou seja, viver em comunhão constante com o Filho, na realidade da vida comunitária de serviço fraterno e celebrar isto na Eucaristia – seiva. Em uma palavra, é preciso que nos deixemos podar pelo Pai e sejamos discípulos-missionários de Jesus, imitando sua entrega total, pois só assim é que o Pai é glorificado.

Dom Emanuel Messias de Oliveira

Bispo Emérito – Diocese de Caratinga

Fonte: Diocese de Caratinga