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Rádio Eclesia

16/04 Comentários Homiléticos 4º DOMINGO DA PÁSCOA (Domingo do Bom Pastor)
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1ª LEITURA – At 4, 8-12

Lucas, nos Atos, mostra que o Espírito que atuou em Jesus é o mesmo que atua nos apóstolos e na Igreja e que a prática de Jesus se prolonga na prática dos apóstolos e dos discípulos. Lendo os Atos dos Apóstolos percebemos que os milagres que Jesus fez são feitos por Pedro e também por Paulo. Pedro e Paulo ficam presos uma noite e de manhã são levados ao Sinédrio do mesmo modo que aconteceu com Jesus (cf. Lc 22,662). Lá quem fala é o Espírito Santo conforme a promessa de Jesus (cf. Lc 12,11-12). No discurso de Pedro podemos destacar os seguintes pontos.

1º- Pedro fala para os chefes do povo que eles (Pedro e João) estão sendo julgados, porque fizeram o bem curando um coxo. Isto já é uma denúncia contra os chefes do povo que não estão sendo pastores, não estão se interessando pelo bem de suas ovelhas. Estão sendo mercenários.

2º- Eles querem saber em nome de quem Pedro curou. Eles não conseguem ou não querem fazer o bem ao povo e ainda estão contra quem o faz. Eles querem um povo submisso e espoliado e temem perder suas posições diante de alguém que cuida do povo como bom pastor.

3º- Pedro aproveita a oportunidade para anunciar Jesus Cristo e denunciar o crime das autoridades de Israel. É em nome de Jesus que o coxo foi curado e ninguém será salvo senão através de Jesus. E este Jesus salvador é o mesmo Jesus que eles assassinaram na cruz. Mas Deus o ressuscitou dos mortos. As autoridades o rejeitaram, mas Deus o tornou pedra angular (Sl 118,22). Sem ele qualquer construção, qualquer sociedade, qualquer Templo cairá por terra, e se afogará no seu próprio orgulho e egoísmo.

2º LEITURA -1Jo 3, 1-2

Como já lembramos nos domingos anteriores, o que está por trás da carta é o combate à doutrina gnóstica que os carismáticos, separados da comunidade, querem implantar. Doutrina gnóstica é a doutrina da salvação não através da prática dos mandamentos, principalmente do mandamento do amor, mas através do conhecimento especial de Deus. Conhecer a Deus, chamar-se filho de Deus sem amar o irmão é uma farsa, uma mentira. O texto de hoje traz apenas dois versículos.

O 1º versículo afirma que o Pai nos deu uma grande prova de amor nos acolhendo como filhos. O versículo anterior reconhece que Jesus é justo e todo aquele que pratica a justiça nasceu de Deus. Assim ser filho de Deus significa assumir a luta pela justiça. Este  versículo primeiro apresenta o conflito entre os filhos de Deus e o mundo injusto, corrupto, sedutor e perseguidor. O mundo não reconheceu a Deus no seu projeto que é Jesus Cristo – o Justo.

O 2º versículo reafirma a nossa filiação divina e abre uma janela para nossa realização maior ainda, uma revelação mais profunda da nossa identidade em Jesus – o Filho. Embora filhos de Deus, ainda caminhamos neste mundo de luzes e sombras e nossa visão de Jesus não é tão nítida, pois só o conhecemos através da fé. Mas quando Jesus se manifestar, nossa santidade vai transparecer e seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é; todas as sombras desaparecerão e o clarão da luz de Deus iluminará todo o nosso ser.

EVANGELHO – Jo 10, 11-18

O capítulo 10 de João se inspira no capítulo 34 de Ezequiel. Lá se faz uma crítica pesada aos líderes e pastores do povo que, praticamente, abandonaram o povo para cuidarem de seus próprios interesses. Por isso, Deus anuncia que ele mesmo será o pastor de seu povo. Lembramos que no capítulo anterior ( Jo 9) os dirigentes judaicos não aceitaram a cura o cego de nascença e ainda  o expulsaram da Sinagoga. Agiram, assim, como maus pastores, como mercenários. João, no capítulo 10,  apresenta Jesus, o bom pastor, como a realização da profecia de Ezequiel, critica as instituições que estavam massacrando a vida do povo e chama de mercenárias suas lideranças. Nos versículos anteriores, Jesus chama os que vieram antes dele de ladrões e assaltantes. O que temos aqui, em síntese, é um contraste, entre o bom pastor e os mercenários. Quem é o bom pastor?  É aquele que cuida maternalmente de suas ovelhas a ponto de dar a vida por elas diante dos perigos dos lobos. O bom pastor conhece suas ovelhas e é conhecido por elas. Jesus diz que a relação de conhecimento entre ele e suas ovelhas é igual à relação de conhecimento entre ele e o Pai. Quer dizer que Jesus vive em profunda comunhão com suas ovelhas. Quem é o mercenário? São as lideranças políticas e religiosas de Israel. Aliás, as lideranças de Israel estão sendo lobos para as ovelhas, pois as estão roubando e assaltando;  estão cuidando apenas delas mesmas, não se importando com o sofrimento e morte do seu rebanho.

Jesus fala também de outras ovelhas que pertencem a outro redil. Ele quer apresentá-las também, quer que elas escutem sua voz, quer que haja um só rebanho e um só pastor. É um grito ecumênico no evangelho de João.

No finalzinho, Jesus fala da relação de amor entre ele e o Pai. O Pai o ama e ele corresponde a este amor, entregando livremente sua vida na cruz em benefício de suas ovelhas, na certeza de que o amor do Pai que está nele o fará ressurgir glorioso. O mandamento do Pai é o amor total.

Dom Emanuel Messias de Oliveira

 

Fonte: Diocese de Caratinga