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Rádio Eclesia

30/01 Comentários Homiléticos 3º DOMINGO DO TEMPO COMUM
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1ª LEITURA – Jn 3,1-5.10

O livro de Jonas não é histórico; é uma novela. De novela o povo brasileiro entende bem. A novela não é uma história real, mas reproduz, através de personagens fictícios, o que acontece na vida das pessoas, da sociedade ou da nação. Depois do exílio, o povo vivia um exagerado nacionalismo, no qual o próprio Deus era incluído. O livro de Jonas quer corrigir isso e mostrar a universalidade do amor misericordioso de Deus. Deus tem misericórdia para com os outros povos e estes podem ser mais dóceis e obedientes do que o próprio povo de Deus. Deus pede a Jonas para ir a Nínive – capital da Assíria – para anunciar a destruição da cidade por causa da perversão do povo. Jonas acha que isto é perigoso, pois o povo pode se arrepender e, Deus, na sua misericórdia, pode querer voltar atrás na sua decisão. Afinal, para Jonas, esta cidade imperialista e opressora merece mesmo é a destruição e não a atenção de Javé! Por isso desobedece a Deus e foge. Mas, depois do episódio do mar e do peixe, ele resolve obedecer a Deus e ir à grande cidade de Nínive. Lá, ele proclama sua mensagem profética:  “Daqui a 40 dias, Nínive será destruída!” Qual foi a reação do povo? Foi extraordinária:

a) Creram em Deus.
b) Proclamaram um jejum
c) Vestiram roupas de penitência.

Qual foi a atitude de Deus? Deus mudou de ideia; foi misericordioso e retirou a ameaça que havia feito sobre o povo.

Mensagens:
a) Deus é um Deus de ternura e misericórdia, rico em amor (4,2).
b) Jonas precisaria de três dias de anúncio para atingir toda a cidade, mas no primeiro dia todos se converteram.
c) A cidade tem prazo de 40 dias para o arrependimento, mas todos mudam de vida já no primeiro dia.
d) O livro quer salientar o contraste entre a atitude de abertura do povo de Deus e a de um povo estrangeiro. O povo de Deus sempre teve profetas e sacerdotes que lhe anunciavam o projeto de Deus, mas nunca se converteu. Entretanto, os ninivitas ouvem um profeta estrangeiro e, em apenas um dia, já mudam de vida e acreditam em Deus.

2ª  LEITURA – 1Cor 7,29-31

O povo achava que o mundo ia acabar logo. Diante disso que atitude tomar? Quem era solteiro ou viúvo deveria casar ou não? E quem é casado como se comportar? Estas e outras perguntas iam aparecendo na comunidade. E as respostas eram variadas.

No Primeiro Testamento o povo de Deus, ligado a uma raça, crescia através da procriação, mas hoje o povo de Deus não está ligado a nenhuma raça; cresce através do anúncio da palavra. A prioridade, então, não é o casamento, mas o anúncio, pois o fim do mundo está próximo! Nesta perspectiva de iminência do fim é que se deve ler o capítulo 7º.  Um outro dado que ajuda a entender o pensamento de Paulo é a mentalidade libertina dos coríntios que estavam habituados aos prazeres da vida. Diante de tudo isso, uma vez que Jesus não deixou uma orientação concreta e direta (v. 25), Paulo vai lembrar que o tempo é curto e a figura deste mundo passa. Logo, o ideal é relativizar as coisas deste mundo e concentrar a atenção no outro. Mesmo os que têm mulher devem viver como se não tivessem, os que compram como se não possuíssem etc.

Como ler este trecho hoje, quando não vivemos mais na espera de um retorno imediato de Jesus? Se por um lado não vivemos nesta espera escatológica, por outro lado vivemos num mundo parecido com o de Corinto na absolutização do ter e do prazer. Talvez dois pensamentos nos ajudem. Primeiro, o nosso tempo pessoal continua sempre curto e imprevisível. Segundo a figura deste mundo realmente passa. Absolutizar as coisas passageiras é idolatria. Neste sentido a mensagem continua intacta. Mas devemos lembrar que as coisas boas da vida devem ser curtidas, naturalmente, dentro do espírito evangélico. E os contra-valores, que a sociedade oferece, devem ser rejeitados com energia cristã.

EVANGELHO – Mc 1,14-20

Após a morte de João, Jesus anuncia, na Galileia dos marginalizados, que a espera da libertação chegou ao fim e o reino de Deus está próximo. O reino acontece nos atos libertadores de Jesus. Suas primeiras palavras no evangelho de Marcos são: “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho”. Este é o programa libertador de Jesus. A proximidade do Reino para cada um de nós supõe o arrependimento e fé na Boa Notícia que Jesus está trazendo em sua própria pessoa. Jesus é o Evangelho. Converter é aderir a ele e romper com a ideologia dominante, fazedora de famintos e marginalizados.

Depois de seu anúncio libertador, Jesus chama seus primeiros seguidores. É à margem do mar da Galileia que Jesus vê os vocacionados. A Galileia, no evangelho de Marcos, é o lugar da Igreja, em profunda oposição a Jerusalém, cidade da rejeição e da morte. As margens do mar são o lugar da vocação. A resposta dos primeiros discípulos é modelo para todos aqueles que, indignados com o sistema vigente de opressão, desejam uma mudança na sociedade. Primeiro, Jesus vê Simão e seu irmão André. São homens simples, são trabalhadores, como tantos que conhecemos. Eles têm uma profissão comum na Galileia. São pescadores. Jesus os chama para o seu seguimento. Promete que fará deles pescadores de homens no mar da vida. A vida é como um mar cheio de atrações, ameaças e perigos. A adesão da primeira dupla de irmãos é completa. Abandonam o que lhes dava segurança e vida e seguem a Jesus. A segunda dupla de irmãos, Tiago e João fazem o mesmo. Deixam o pai Zebedeu no barco com os empregados e seguem Jesus.  Jesus é tudo para eles. Todos nós como discípulos(as) missionários(as) devemos nos apaixonar por Jesus, nos encantar com a sua pessoa e sermos seus fiéis seguidores.

Dom Emanuel Messias de Oliveira
Administrador Apostólico – Diocese de Caratinga