1a LEITURA – Is 40,1-5.9-11
O livro do profeta Isaías é dividido em 3 partes (1-39; 40-55; 56-66). Estamos lendo, portanto, o 2o Isaías, o profeta da consolação; sua missão é consolar o povo exilado e assegurar-lhe a esperança de um breve retorno à “pátria amada”, Jerusalém. Deus quer consolar seu povo e quer que o profeta grite ao coração da cidade-esposa que o tempo da escravidão terminou. “O pagamento dobrado que os judeus receberam é uma referência ao exílio, à escravidão e a todos os sofrimentos que tiveram. Agora, já podem voltar. Já é hora de preparar a estrada do Senhor, pois ele mesmo caminhará à frente de seu povo. Hoje, se exigiria um asfalto de primeira qualidade e uma estrada sem curvas, com túneis e viadutos. Naquele tempo se preparava a chegada do rei, entulhando os vales e rebaixando montanhas. A ordem é fazer tudo o que for possível, pois a glória de Javé vai manifestar-se. Jerusalém tem que anunciar isto a todas as cidades de Judá. Afinal, vai acontecer uma espécie de novo êxodo (Babilônia-Jerusalém), mas em meio a festas e alegrias, sem as dificuldades do primeiro (Egito-Palestina). A novidade é que o Senhor todo Poderoso caminhará junto com o seu povo e caminhará de um modo diferente. É que ele virá com amor e carinho de um pastor, que cuida das ovelhas mais fracas, carregando ao colo os cordeirinhos”.
2a LEITURA – 2Pd 3,8-14
Esta carta atribuída a São Pedro foi escrita, provavelmente, após a morte dos apóstolos no início do século II. Enquanto a Primeira carta aos Tessalonicenses é o primeiro escrito do Segundo Testamento (ano 51), a 2Pd é o último no tempo. Jesus estava demorando a voltar; parece que ele estava falhando em sua promessa. O autor transmite 5 ensinamentos. Primeiro, o modo de Deus medir o tempo é diferente do nosso: “Para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos é como um dia”. Segundo, ele virá de modo inesperado como o aparecimento de um ladrão. Terceiro, esta aparente demora faz parte do projeto da paciência de Deus. Deus está dando tempo para a nossa conversão. Quarto, o dia do Senhor depende não apenas de Deus, mas também dos homens. Deus usa de paciência para que haja a conversão de todos e todos possam alcançar a salvação. Quanto a nós, podemos apressar este dia mediante o esforço de conversão. Quinto, o autor usa uma linguagem apocalíptica, aproveitando uma ideia que está na cabeça do povo daquela época, que pensava que o mundo seria destruído pelo fogo. O autor está revelando que o mundo vai ser destruído pelo fogo? Não. Ele está apenas usando uma figura de linguagem. O que ele afirma é a nossa esperança na promessa de uma transformação geral que virá do alto: novos céus, nova terra, e justiça no meio do povo. A síntese destes ensinamentos é o esforço de uma vida santa e perfeita.
EVANGELHO – Mc 1,1-8
A finalidade do evangelho de Marcos já aparece no primeiro versículo. Ele quer apresentar dois ensinamentos com a sua narração. Primeiro, que Jesus é o Cristo, ou seja, o Messias prometido por Deus, o Salvador do mundo. Segundo, que Jesus é o Filho de Deus. Para Marcos o Evangelho, ou seja, a Boa Notícia de Deus é o próprio Jesus. Não é apenas uma notícia boa, um ensinamento, mas uma pessoa, a pessoa de Jesus que é homem e Deus. Jesus, de fato, é a 2a pessoa da Santíssima Trindade. O início do Evangelho de Marcos começa com o anúncio de João Batista no deserto. Em todo o seu Evangelho Marcos vai responder: Quem é Jesus. Para isso ele começa respondendo quem é João Batista. João Batista é o precursor do Messias, aquele que veio para preparar o povo para receber o Messias. João Batista é o “anjo” anunciado em Ex 23,20; é “a voz que grita”, em Is 40,3 (1a leitura); “é o mensageiro” de Ml 3,1, que virá para preparar o caminho do Senhor. João preparava o povo através de um batismo de conversão. Ele se vestia como Elias, comia e bebia como os pobres que vivem à margem e distante dos centros do poder.
Com humildade, mas dentro da verdade, João anunciava a chegada de Jesus como o mais forte e mais digno do que ele, como aquele que batiza, não com água, mas com o Espírito Santo.