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Rádio Eclesia

15/01 Comentários Homiléticos 2° Domingo do Tempo Comum
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1ª LEITURA – 1Sm 3,3b-10.19

A vocação de Samuel, sacerdote, profeta e juiz, marca o fim dos tempos dos juízes e o início do profetismo em Israel. Podemos dizer também que com Samuel inicia-se a monarquia uma vez que foi ele quem sagrou o primeiro rei de Israel, Saul. Ele faz, assim, a passagem das 12 tribos para a monarquia, embora a contra-gosto, pois tem consciência dos males do regime dos reis.

A vocação de Samuel é luz e força para tantas pessoas chamadas ao compromisso mais sério com as comunidades; outros ainda estão escutando uma espécie de voz na noite escura do discernimento. Estão sentindo os apelos da comunidade e do povo carente, mas ainda não acordaram para o serviço das pastorais. Também Samuel confundiu várias vezes a voz do Senhor. Mas mesmo confuso ele esteve à disposição. Levantou-se três vezes e correu até ao sacerdote Eli, pensando que fosse ele que o tivesse chamado. É claro o chamado de Deus; antes de aparecer nítido na consciência, pode passar pela voz de um servo de Deus e, sobretudo pela obscuridade das carências e apelos do povo sofredor. Samuel nos ensina que vamos entendendo o chamado, exatamente, na disponibilidade e prontidão da resposta. Estando atento e disponível aos apelos de Deus na vida, um dia você vai dizer convicto como Samuel: “Fala, Senhor, teu servo escuta”.

2ª LEITURA – 1Cor 6,13c-15a.17-20

Vamos iniciar com uma pequena orientação para algum leigo que, porventura, esteja tendo os seus primeiros contatos com a Bíblia. Um versículo pode ser dividido em diversas partes; chamamos de “a” a primeira parte, de “b” a segunda parte e de “c” a terceira parte. No texto de hoje vamos ler o capítulo 6º a partir do v. 13c até à primeira parte do versículo 15 e depois vamos continuar do versículo 17 até o versículo 20.

O assunto é a imoralidade, lembrando a prostituição sagrada através da qual o “fiel” se unia sexualmente às prostitutas sagradas da deusa protetora da cidade. Para o povo de Corinto, a prostituição era uma necessidade física, como o comer e o beber. Como para eles o importante era o espírito uma vez que o corpo de nada serve, então bastava cuidar do espírito. Diante disso Paulo lembra:

1) Que a imoralidade não é uma necessidade física como o comer e o beber, pois o corpo não é para a impureza, mas para o Senhor, que nos ressuscitará com o “corpo e o espírito”, enquanto os alimentos e o estômago serão destruídos.
2) Nossos corpos são membros do corpo de Cristo. Unir-se a uma prostituta é uma idolatria, pois estaremos sendo um só corpo com ela, no lugar de sermos um só corpo com Cristo. Prostituir-se é deixar-se dominar, é deixar-se escravizar por um outro senhor.
3) É preciso fugir da impureza, porque nosso corpo tem dono; pertence a Cristo. Cristo nos comprou por um preço muito alto, o preço do seu sangue na cruz (v. 20).
4) Nosso corpo é templo do Espírito Santo que habita em nós.
Em síntese: Praticar a imoralidade atinge tanto o corpo físico (a pessoa), quanto o corpo social (a comunidade), pois quando um membro está sendo infiel, todo o corpo (a comunidade) está sendo levada à prostituição, à idolatria. Todos nós, portanto, devemos glorificar a Deus nos nossos corpos.

EVANGELHO – Jo 1,35-42

A vocação para seguir Jesus nasce do testemunho. O Primeiro Testemunho é o de João Batista. Com o seu testemunho dois dos seus discípulos deixam o precursor e partem para uma experiência mais profunda de Deus. Entusiasmados, um deles, chamado André, consegue dar testemunho para seu irmão Simão Pedro. No dia seguinte, Jesus encontra Filipe e Filipe, entusiasmado, vai encontrar Natanael. É assim através dos testemunhos e dos encontros profundos que a corrente dos amigos de Jesus vai crescendo com elos de comunhão.

Qual foi o testemunho de João Batista? Ele aponta Jesus para dois dos seus discípulos dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus”. João vê em Jesus a figura do libertador. Ele vê em Jesus o cordeiro pascal de Ex 12; o cordeiro expiatório de Lv 14 e o Servo Sofredor de Is 53. Os discípulos entendem, por isso mudam de mestre. Largam João e seguem Jesus. Jesus pergunta: “O que estão procurando?” Esta pergunta é feita também para nós. Se soubermos responder, encontraremos também a vida, como os discípulos a encontraram. Eles estão procurando uma experiência nova, uma experiência mística com Jesus. Jesus os convida. Eles aceitam o convite de fazer uma experiência de vida com ele. Com Jesus eles vão ver raiar o novo e definitivo dia da libertação total. Conhecer Jesus é viver a hora décima (= 16 horas. O dia termina às 18h00, quando o sol se põe). A hora décima significa, portanto, a véspera do grande dia da libertação. Entusiasmado, André dá testemunho do Messias para Simão e o conduz a Jesus. Jesus pede que Simão encontre sua identidade. Para seguir Jesus é preciso abandonar as ideologias dos antigos mestres (“Simão era o filho de João”. Essa expressão pode indicar que Simão era discípulo de João Batista). É preciso que cada um encontre sua verdadeira opção. Jesus diz que Simão será chamado de Cefas que é igual a pedra. Talvez um homem de cabeça dura igual a tantos de nós. Não foi fácil a conversão de Pedro. Sua verdadeira vocação só acontece no final do evangelho em. 21,15-19 – texto em que Jesus pergunta três vezes a Pedro se ele o ama. No final, Jesus o chama: “Segue-me”. É provável que o chamado aqui seja para seguir Jesus até à morte.

Dom Emanuel Messias de Oliveira
Administrador Apostólico – Diocese de Caratinga