Neste domingo, ao iniciarmos o Advento, começamos também um novo Ano Litúrgico: o Ano A. A cada ano, a Igreja nos conduz por um caminho espiritual que nos permite revisitar os mistérios da vida de Jesus de forma sempre nova. O Ano Litúrgico não é uma simples organização de datas; ele é a maneira como a Igreja nos educa ao longo do tempo, ajudando-nos a mergulhar, passo a passo, no amor de Deus.
Desde os primeiros séculos, os cristãos perceberam que a fé precisava de ritmo, de memória e de aprofundamento. Assim nasceu a divisão do ano em tempos litúrgicos, cada um com sua cor, sua espiritualidade e sua missão. O Advento nos ensina a esperar; o Natal, a acolher; a Quaresma, a converter; a Páscoa, a celebrar a vida nova; e o Tempo Comum, a viver tudo isso no cotidiano. Ao longo desses tempos, Deus nos forma com paciência, como quem cuida da terra e acompanha o crescimento de uma semente.
Para que a Palavra de Deus ecoe de forma mais completa, a Igreja também divide os domingos em três ciclos: Ano A, Ano B e Ano C, que correspondem aos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. Essa organização permite que, ao longo de três anos, toda a comunidade cristã escute quase a totalidade dos Evangelhos e seja continuamente conduzida pelos diferentes aspectos da vida e dos ensinamentos de Jesus.
Neste novo ano, caminharemos especialmente com o Evangelho de Mateus. Ele apresenta Jesus como o Mestre que ensina, o Messias prometido que cumpre as Escrituras e o Senhor que permanece com seu povo. Em Mateus, encontramos grandes discursos que moldam nossa vida cristã, sobretudo o Sermão da Montanha, que é um verdadeiro programa de vida para quem deseja seguir Jesus com sinceridade.
Quando a Igreja nos oferece um novo Ano Litúrgico, ela está nos oferecendo também a oportunidade de um novo começo. Não é apenas o calendário que muda; é o coração que Deus deseja renovar. O Ano A é uma chance de reordenar a vida interior, retomar a oração, deixar-se tocar novamente pela Palavra e reconstruir o que, ao longo do caminho, se desgastou.
Que este novo ano seja, para nossa comunidade, um tempo de crescimento sereno, de escuta profunda e de amadurecimento espiritual. Caminhemos com Mateus, deixemos que Jesus nos conduza e permitamos que a liturgia — com seus gestos, cores e palavras — modele em nós um coração mais parecido com o d’Ele.