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Rádio Eclesia

23/09 Notícias da Igreja Construindo o futuro com migrantes são portadores de riqueza
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O 108º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado será comemorado no domingo, 25 de setembro. Padre Camillo Ripamonti, presidente do Centro Astalli para Migrantes, ilustra algumas das prioridades ligadas ao tema deste ano: “A carga espiritual que muitos refugiados trazem consigo pode ser verdadeiramente um estímulo para que nosso velho continente redescubra essa juventude, essas raízes cristãs que nos caracterizam”

Stefano Leszczynski – Vatican News

Construir o futuro com os migrantes e os refugiados” é o tema escolhido pelo Papa Francisco para celebrar o próximo Dia Mundial, que como todos os anos acontece no último domingo de setembro. Uma ocasião para mostrar preocupação com as diferentes categorias de pessoas vulneráveis em movimento, para rezar por elas, pois enfrentam muitos desafios, e para aumentar a conscientização sobre as oportunidades oferecidas pela migração.

Padre Camillo Ripamonti, presidente do Centro Astalli, pede uma mudança na perspectiva da sociedade e, em particular, do mundo político para que deixemos de pensar na migração como um problema e passemos a considerá-la como um presente que nos permite olhar para o futuro: “Para começar a construir um futuro com migrantes e refugiados, é essencial que comecemos a pensar neles como pessoas e não como números ou estatísticas. São indivíduos que têm o direito de ser valorizados para contribuir para a construção de uma sociedade que seja um lugar de vida para todos”. “Na realidade, essas pessoas”, continua o Padre Ripamonti, “são portadoras de riqueza, tanto do ponto de vista cultural quanto espiritual, além de suas habilidades. Este é um elemento a ser cada vez mais considerado”.

Entrevista

Com frequência a imigração é referida como um remédio para a diminuição da população de um país ou para a falta de mão-de-obra. Existe o risco que deste modo prevaleça uma visão utilitária da imigração?

É uma abordagem que deve ser evitada a todo custo porque sugere que no momento em que nos dermos conta de que os imigrantes não são mais necessários, então seríamos legitimados a afastá-los. Na realidade, o direito de estar presente em nossas sociedades está ligado ao direito dos seres humanos de se moverem no mundo, na sociedade global que construímos. Os migrantes são uma presença importante para nossas sociedades, uma presença prospectiva, abrindo-nos para um futuro multicultural e multirreligioso.

A mensagem do Papa Francisco para este Dia do Migrante e Refugiado também fala de estimular as aspirações espirituais das sociedades que acolhem. Isso ainda é possível em um continente secularizado como a Europa?

Acredito que é precisamente a espiritualidade que os migrantes e refugiados trazem que pode nos sacudir do nosso secularismo, da nossa mundanização e de alguma forma nos impulsionar a refletir sobre essas raízes cristãs que tantas vezes evocamos. O diálogo é construído a partir das identidades pessoais de cada um quando nos ouvimos uns aos outros. E assim, acredito que a carga espiritual que muitos refugiados e migrantes trazem consigo pode ser verdadeiramente um estímulo para que nosso velho continente redescubra essa juventude, essas raízes cristãs que nos caracterizam.

Os tempos em que vivemos, no entanto, são caracterizados por tensões e conflitos, pela fuga de povos inteiros e por centenas de pessoas perdendo a vida ao tentarem chegar na Europa…

O título da mensagem deste 108º Dia nos lembra que “com migrantes e refugiados” não é mais uma questão opcional, devemos investir em políticas não apenas de acolhida, resgate e salvamento no mar, mas também de investimento nos países de origem. Nunca devemos esquecer que as pessoas também devem ter o direito e a possibilidade de não deixar suas terras e, muitas vezes, as causas que as fazem sair estão relacionadas à exploração e à injustiça que nós causamos.

Num momento difícil como este, quão importante é aprender a se identificar com a vida dos refugiados?

É fundamental. Colocar-se no lugar dos refugiados e dos migrantes permite olhar para o mundo de uma perspectiva totalmente diferente. Vivenciamos isto nos últimos meses com o povo da Ucrânia, abalado por uma guerra muito próxima de nós. Pensamos que o que estava acontecendo com eles poderia acontecer conosco e isto desencadeou uma solidariedade diferente. Esta mesma solidariedade deve se aplicar também às guerras longe de nós, às pessoas que fogem das injustiças que, para nós, estão longe das nossas vidas.

Fonte: vaticannews.va