Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

 Temos no Brasil muitas pessoas com os nomes de Maria e Isabel. São nomes bíblicos relacionados com o Tempo do Natal, porque fizeram parte do processo de nascimento de Jesus Cristo. Isabel, idosa, representando o Antigo Testamento, e Maria, jovem, imagem do Novo Testamento. As duas realizam um encontro fraterno, para dizer que a vida só tem sentido no relacionamento e no diálogo. 

Natal é uma das principais festas do cristão, da esperança e de quem faz o mesmo caminho percorrido por Maria e por Isabel, de compromisso com o Reino, de encontro, de diálogo e de relação com a Pessoa de Jesus Cristo. Desta forma, a pessoa consegue projetar um futuro de segurança, porque Deus está no seu coração como uma força revitalizadora das virtudes e dons naturais, para agir. 

O profeta Miquéias profetiza a chegada de um Rei que não oprimisse as pessoas, diferente do que acontecia no seu tempo. Com isto, sentimos que a desigualdade social e a forma de exercer o poder estão sempre acontecendo na história do povo. Jesus foi diferente, porque acolhia a todos e de forma particular, os mais fragilizados, os pecadores e os explorados. Diz que o médico existe para os doentes. 

A violência generalizada de hoje, revela uma tremenda insensibilidade do ser humano, está totalmente na contramão de tudo o que foi anunciado e praticado por Jesus. A humanidade não está levando em conta o sentido da cultura da paz e da fraternidade, ensinada pelo Mestre, como caminho de felicidade. A falta de paz prejudica a esperança de um futuro melhor para as pessoas. 

A cultura moderna tem as marcas do medo, dos traumas, das relações truncadas, dos vínculos mal conduzidos e o terror da violência. Isso significa que as pessoas não estão seguindo o exemplo de fidelidade nas relações como aconteceu no encontro de Maria e Isabel. Há uma carência de fraternidade na convivência familiar e social, fazendo com que uns estejam armados contra os outros. 

Maria visita a casa de Isabel e as duas alargam os vínculos fraternos numa convivência saudável. Talvez essa prática seja um dos grandes problemas provocados pelo individualismo atual, porque dificulta momentos de encontro entre as pessoas da comunidade. As pessoas se isolam e dificultam a convivência. O Natal precisa ser oportunidade de superação de tudo que dificulta uma vida feliz. 

Fonte integral: CNBB