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Rádio Eclesia

18/11 Comentários Homiléticos 33º DOMINGO COMUM
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1ª LEITURA – Pr 31,10-13.19-20.30-31

Este trecho do livro dos Provérbios, à primeira vista, nos parece apresentar a mulher ideal para a mentalidade daquela época! Mas começa perguntando se é possível encontrar a mulher ideal. Outra curiosidade é que naquele tempo o preconceito contra a mulher era tal que a mulher nem podia sair de casa. Aqui, entretanto, percebemos a descrição de uma mulher super ativa de grande tino comercial, uma mulher mais valiosa do que as jóias, que só dá alegria ao marido, excelente dona de casa, em quem o marido pode confiar plenamente. Ela provê até o ganha pão da sua família com a habilidade de suas mãos e não fica apenas nisso, abre também suas mãos generosamente aos necessitados. Diante de tudo isso o autor reconhece a fugacidade da beleza e o engano do charme. Merece louvor mesmo é a mulher que teme o Senhor. A habilidade de tal mulher é louvada na praça da cidade. Existe mesmo tal mulher com prendas masculinas e femininas? É claro que pode existir, mas, na verdade, o autor aqui não está preocupado com a descrição de uma mulher ideal. A pessoa sábia busca o sentido da vida e de tudo o que faz, e nada faz que não tenha sentido. Realizar apenas o que tenha sentido é como possuir uma esposa companheira que toma conta do coração da gente e, ao invés de sufocá-lo com um amor egoísta, o ajuda a se abrir para tudo e para todos.

2ª LEITURA – 1Ts 5,1-6

Esta carta é o primeiro escrito do Novo Testamento. Foi escrita no ano 51. Os tessalonicenses ainda estavam preocupados com a data da vinda de Cristo. Alguns nem queriam trabalhar, pensando que Cristo viria logo. Mas Paulo já havia ensinado à Comunidade que Cristo não marcou data. Assim como o ladrão chega de noite a uma casa sem aviso prévio assim também Cristo virá. O importante não é especular a respeito da data, mas estar vigilante e ficar sóbrio. Isto significa viver uma vida decente a serviço da Comunidade e de acordo com o evangelho da justiça, pois todos nós somos filhos da luz e filhos do dia. “Dormir”, “andar nas trevas”, são expressões que significam descuidar da verdade do evangelho, viver em vícios e pecados. Quem vive assim, uma vida anticristã, pode ser surpreendido com a vinda repentina do Dia do julgamento do Senhor. E aí não haverá mais tempo de mudança para escapar da destruição e da condenação.

EVANGELHO – Mt 25,14-30

A parábola dos talentos quer salientar o tema da vigilância que não é cruzar os braços, mas trabalhar em favor da Justiça do Reino, fazer frutificar os talentos-dons, que Deus colocou dentro de nós. Parece que é exatamente para salientar a vigilância ativa que se desenvolve mais a parte daquele empregado que enterrou o talento recebido.

A distribuição dos talentos varia de acordo com a capacidade de cada um. Um recebeu 5, outro recebeu 2, e o terceiro recebeu 1. Quem recebeu 5 produziu outros 5, quem recebeu 2 produziu outros 2. Mas… Aqui está o acento da parábola: Quem recebeu 1 escondeu o dinheiro do patrão e não fê-lo render. “Depois de muito tempo” (esta expressão aponta para uma parusia que não é para amanhã, mas que vai demorar) o patrão volta para o ajuste de contas. A parábola pertence ao discurso escatológico que fala sobre o fim do mundo. O patrão elogia e premia os dois primeiros que fizeram render os talentos recebidos. Ele não discrimina quem tem menor capacidade, nem o trata de modo diferente. Todos os que lutam pela justiça do Reino são igualmente importantes e recebem elogio e recompensa. Mas o que disse o patrão para o que enterrou seu talento? Primeiro, é importante perguntar: por que o terceiro empregado escondeu o talento do patrão? Ele ficou com medo de correr o risco e não ser bem sucedido nos negócios. Ele buscou sua própria segurança enterrando o talento recebido. A imagem que ele tinha do patrão era totalmente distorcida, talvez fruto do seu medo de correr o risco. Todo aquele que busca sua própria segurança e não quer correr o risco de um engajamento na Comunidade, colocando-se a serviço, está forjando preconceitos a respeito de Deus e da religião. Estes são servos inúteis. No tempo de Jesus, este servo representava os fariseus bitolados na Lei e nos seus preconceitos sobre Deus. Isto os fez fechar à novidade de Jesus com medo de correr o risco de um novo investimento que ultrapassasse sua mesquinhez.

O que o patrão vai dizer a este empregado? Ele reclama da esterilidade deste servo que não fez render os seus pertences. Tira-lhe o que tem, para doar a quem se empenha. É a salvação tirada dos judeus e dirigida aos pagãos. Chama-o de inútil e o condena. Primeiro, queremos lembrar que Deus distribui talentos-dons-capacidades a todo mundo. Segundo, queremos fazer uma pergunta. Em cada mil paroquianos quantos estão mesmo dobrando seus talentos na Comunidade?

Dom Emanuel Messias de Oliveira
Bispo diocesano de Caratinga

33º DOMINGO COMUM