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Rádio Eclesia

19/10 Comentários Homiléticos 28º DOMINGO COMUM
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1ª LEITURA – Is 25,6-10a

O banquete da fraternidade universal

Estamos lendo um trecho apocalíptico, que pertence ao grande apocalipse de Isaías (Is 24-27). Ele nos dá
uma visão da esperança: ele projeta para o futuro messiânico uma fraternidade universal. A imagem que
ele usa aqui é de um grande e lauto banquete, no qual é servido o que há de melhor. E onde é servido o
banquete? Exatamente no monte Sião, onde está Jerusalém com o Templo, que é a morada de Deus. Aqui, todos os povos vão-se encontrar para o grande banquete, sinal da proteção e comunhão com Deus. O próprio Deus será o anfitrião e é Ele mesmo quem serve.

Os presentes de Deus

Como era costume nestas ocasiões dar presentes aos convidados, o profeta não se esquece aqui de
enumerá-los. São presentes especiais: Deus vai remover de todos os povos o luto e a mortalha. Vai enxugar todas as lágrimas, vai acabar com a desonra do seu povo e vai eliminar até mesmo a morte para sempre.

A presença de Deus

A esperança do povo vai se realizar com a chegada do Deus libertador. Ele, de fato, tem sempre a última
palavra na história do povo. Ele é o Senhor, cuja mão poderosa repousa sobre o monte Sião. Nele o povo
poderá confiar. Naquele dia todos cantarão hinos de júbilo e de alegria ao Deus Salvador.

2ª LEITURA – Fl 4,12-14.19-20

O segredo de viver

A angústia principal do homem não é carecer do essencial, mas não saber se conformar com a situação em que se encontra. Nós temos condição de dar sentido à nossa vida mesmo em meio a grandes dificuldades e carências. É isto que São Paulo nos ensina na primeira parte do texto de hoje. A partir de sua experiência, ele afirma que aprendeu o segredo de viver. O segredo está exatamente em ficar contente com o que se tem, sem ambicionar o que não está em nossas mãos. Muitos, na verdade, não sabem viver na pobreza e muito menos na abundância. Muitas vezes a angústia toma conta de quem tem pouco, mas na maioria das vezes o egoísmo devora quem tem demais. Aqui o apóstolo nos transmite sua experiência de vida serena em qualquer circunstância. Força para isto ele busca em Deus.

Agradecimento à comunidade e glória a Deus

Mas, agora, ele não está passando necessidades na prisão, pois os filipenses lhe mandam ajuda, coisa,
aliás, que ele nunca aceitou de outras comunidades, pois ele sempre quis prover suas necessidades com
suas próprias mãos. Ele, entretanto, fica satisfeito com a participação dos filipenses, em sua atual aflição, e
agradece. Como pagar? Quem recompensa a quem dá aos necessitados é só mesmo o próprio Deus. “E o meu Deus lhes dará tudo o que vocês precisam, segundo a sua riqueza”. É o “Deus lhe pague” do pobre. Paulo termina reconhecendo que o seu Deus é o mesmo Deus e Pai dos filipenses. É por isso que devemos ser solidários, pois somos todos irmãos. A esse Deus e Pai devemos “a glória pelos séculos dos séculos! Amém”. A glória de Deus é a chave de tudo isto que está acontecendo entre o apóstolo e sua comunidade.

EVANGELHO – Mt 22,1-14

Mateus aqui junta duas parábolas numa só: a parábola dos convidados à festa do casamento do filho do
rei e a parábola que fala do traje da festa.

A recusa das elites

O rei – Deus – prepara a festa do casamento de seu filho – Jesus. Os convidados são as lideranças do povo, que são os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo. Mas estes recusam conscientemente o insistente convite do rei. Esta insistência mostra o amor de Deus a Israel, o povo escolhido. Mas não lhe deram a menor atenção, aliás, pelo contrário, alguns vão cuidar dos próprios negócios como se nada de importante houvesse e outros, até mesmo, agarraram os empregados, bateram neles e os mataram. Além da recusa, temos a violência e o homicídio – sinal de recusa agressiva e culposa à vontade do rei. Os empregados agredidos e assassinados são os profetas ou mensageiros de Deus. Por que Deus convida primeiro as elites e não os pobres? Porque estes eram os responsáveis por uma sociedade justa e fraterna, e esta parábola quer frisar esta justiça do Reino; as elites se preocupam com suas posses e seus lucros “sujos”. E não hesitam em cometer violência contra quem se coloca em seu caminho. A sentença do Rei é severa: é a morte dos assassinos e a destruição da sua cidade. – referência à destruição de Jerusalém no ano 70 d.C.

O convite aos marginalizados e a justiça do Reino

O Reino da Justiça vai acontecer apesar da recusa das elites. O Rei convida todos os marginalizados da
periferia – “bons e maus”, até encher o salão da festa. A distinção bons e maus relembra a parábola da
rede. Estes últimos convidados são os pagãos e o povão considerado pecador pelas elites de Israel. Eles
vão constituir o novo povo de Deus, o Israel messiânico.

Depois, o Rei vai ver os convidados e encontra um sem o “traje de festa”. Curioso! Naquele tempo não se
exigia um traje de festa para se participar de banquetes. O que significa, então este traje? Significa a
Justiça. Mateus é o Evangelho da justiça do Reino. Em 5,2 de fato lemos: “Se a justiça de vocês não
superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino do Céu”. Não se fala da
separação entre bons e maus, mas na necessidade do traje de festa que significa cumprir as condições de
adesão a Jesus e à justiça do Reino. Depois de convidado ninguém mais pode permanecer na sua condição de mau. A outra curiosidade é que não se falou da noiva. Mas a expressão “traje de festa” (literalmente traje de bodas) era o nome que se dava à roupa do noivo, e, particularmente, ao vestido da noiva no dia do casamento. Assim a noiva somos nós desde que vistamos a roupa da justiça (cf. Ap 19,8). A sorte de quem não está com o traje de festa é semelhante à sorte dos primeiros convidados. E a frase final: “Porque muitos são os chamados e poucos são os escolhidos” significa: “há mais chamados que escolhidos”. Para o chamado gratuito de Deus é preciso verdadeira conversão, ou seja, um novo traje. Com o “traje de festa” não somos apenas chamados, mas também escolhidos.

Dom Emanuel Messias de Oliveira
Bispo diocesano de Caratinga