Depois de fechar a Universidade Centro-Americana (uma universidade privada jesuíta fundada em 1960), expulsar a comunidade de padres jesuítas de sua residência privada perto da universidade, em Manágua, e confiscar os bens da universidade na quarta-feira, 23 de agosto, as autoridades da Nicarágua acabaram de banir toda a Companhia de Jesus do país e ordenaram o confisco de todos os seus bens, alegando que eles não cumpriram os relatórios fiscais.
A Companhia de Jesus não é a primeira ordem religiosa banida da Nicarágua. No ano passado, as Missionárias da Caridade foram expulsas do país. O regime de Ortega alegou que as missionários não estavam credenciadas “pelo Ministério da Família para funcionar como creche de desenvolvimento infantil, lar para meninas e lar para idosos”, nem “possuem licença de funcionamento do Ministério da Saúde” e que as suas “demonstrações financeiras reportadas ao Ministério do Interior não estão de acordo” com outros documentos apresentados.
Desde novembro de 2018, a ditadura de Ortega expropriou bens e ativos de cerca de 3.321 ONG’s. Um mosteiro trapista, por exemplo, virou propriedade do Instituto Nicaraguense de Tecnologia Agrícola (INTA), segundo informações fornecidas pelas irmãs trapistas à mídia local.
Um relatório feito por Martha Patricia Molina Montenegro, membro do Observatório Pró Transparência e Anticorrupção, mostra que a Igreja Católica tem sido sistematicamente alvo do regime de Ortega, que desencadeou uma “perseguição indiscriminada contra bispos, padres, seminaristas, religiosos, grupos leigos e tudo e todos que têm uma relação direta ou indireta com a Igreja Católica”.
O relatório centra-se na crise político-social que eclodiu em abril de 2018 na Nicarágua. Manifestantes foram às ruas para protestar contra uma série de reformas que o regime de Ortega implementou no sistema de seguridade social, aumentando os impostos e diminuindo os benefícios. O governo respondeu violentamente a essas manifestações, deixando pelo menos 355 mortos, segundo o relatório.
Montenegro explica que, antes daquele mês de abril, os abusos contra a Igreja eram esporádicos. Mas, depois das manifestações, as hostilidades aumentaram.
A universidade jesuíta foi um centro de manifestações contra a controversa reforma do sistema nacional de segurança social do presidente Daniel Ortega em 2018. No dia 16 de agosto de 2023, o regime anunciou que os bens da universidade tinham sido confiscados pelas autoridades nicaraguenses sob o argumento de ser um “centro de terrorismo”.
Uma nota publicada pelo Vatican News explica que a universidade “classificou a acusação como totalmente ‘infundada’ e classificou a apreensão como um golpe para a academia na Nicarágua”.
Fonte: pt.aleteia.org