Vatican News
“Desejo reiterar que o uso da energia atômica para fins de guerra é, hoje mais do que nunca, um crime não só contra o homem e a sua dignidade, mas contra toda a possibilidade de futuro na nossa casa comum”. Estas são palavras do Papa Francisco em seu tuíte de hoje, reiterando mais uma vez que não há tempo a perder.
Nunca o desarmamento nuclear foi tão atual quanto em 2022. Há dois dias, completou o sétimo mês desde o início da guerra na Ucrânia. Um conflito no qual o uso de armas nucleares foi várias vezes ameaçado por Moscou. Em um mundo no qual homens e mulheres vivem “sob pressão”, na projeção de um futuro feito de máquinas e robôs que dão a ilusão de “eterna juventude”, a ideia de “uma catástrofe final que nos extinguirá” está ganhando terreno, e isto é “o que acontece com uma eventual guerra atômica”, disse o Papa durante sua catequese na Audiência Geral de 16 de março passado, em referência às repetidas ameaças nucleares que surgiram nas primeiras semanas do conflito na Ucrânia. “No ‘dia seguinte’ – se ainda houver dias e seres humanos – será preciso começar do zero”. Destruir tudo para recomeçar do zero”, acrescentou Francisco.
Em 21 de junho de 2022, em uma mensagem ao Embaixador Alexander Kmentt, presidente da primeira reunião dos Estados membros do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, que estava ocorrendo naquela época em Viena, o Papa apelou mais uma vez para “silenciar todas as armas e eliminar as causas do conflito através de um incansável recurso às negociações”. “Quem faz a guerra esquece a humanidade”, reiterou, enfatizando que “a paz é indivisível e, para ser verdadeiramente justa e duradoura, deve ser universal. É um modo de raciocinar enganador e contraproducente pensar que a segurança e a paz de uns estão separadas da segurança coletiva e da paz de outros”.
Portanto para o Papa, as armas nucleares podem bem ser definidas como um “multiplicador de riscos” que “proporciona apenas a ilusão de uma ‘espécie de paz’: procurar defender e garantir a estabilidade e a paz através de uma falsa sensação de segurança e de um equilíbrio de terror, sustentado por uma mentalidade de medo e desconfiança, conduz inevitavelmente a relações envenenadas entre os povos e dificulta qualquer forma possível de verdadeiro diálogo”. “A sua posse leva facilmente a ameaças da sua utilização, tornando-se uma espécie de ‘chantagem’ que deveria ser abominável para as consciências da humanidade”.